Índice

Clique no tema abaixo e confiras as dúvidas frequentes sobre ele.
Feridas
Úlcera varicosa
Cuidados necessários
Meias elásticas
Pé diabético
Úlceras
Erisipela
Linfedema

Feridas

O que é uma ferida?
Ferida é uma lesão que se caracteriza pela perda da integridade da pele, com consequente perda da sua capacidade protetora.

Úlcera e ferida é a mesma coisa?
Não, embora sejam termos que têm significado parecidos. As úlceras estão relacionadas com comprometimento mais superficial, enquanto as feridas são comprometimento de extensão maior e planos mais profundos dos tecidos. Ambos se caracterizam pela perda da integridade da pele ou mucosas.

Por que eu tenho que me preocupar com a cicatrização da minha ferida?
A pele é uma proteção natural do organismo, ela é colonizada por inúmeras bactérias. Na presença de uma ferida nós perdemos a sua capacidade protetora, deixando nosso organismo mais propenso a penetração de germes como bactérias, fungos e outros parasitas. É a chamada porta de entrada. Quanto mais rápido uma ferida cicatrizar, menos complicações podem ocorrer.

Por que a minha ferida demora muito para cicatrizar?
A história natural da grande maioria das feridas é a cicatrização espontânea em 15 a 20 dias. Quando a evolução da ferida ultrapassa mais de três semanas elas passam a serem caracterizadas como feridas/úlceras crônicas. Isso significa que alguns fatores (um distúrbio ou doenças) ocorreu e alterou o processo natural da cicatrização.

O que é uma úlcera crônica de perna?
São lesões localizadas abaixo do joelho, com evolução maior que 3 semanas. Na grande maioria das vezes está relacionada com fatores que alteram ou dificultam o processo de cicatrização. Nesses pacientes é importante se fazer o diagnóstico correto para tratamento adequado das doenças que podem estar dificultando o processo de cicatrização. Deverá se pesquisar diabetes, hipertensão arterial, tabagismo, doenças auto imunes como artrite reumatoide, vasculites, doença vascular periférica, varizes, etc.
As úlceras crônicas representam uma patologia extremamente importante não só pelos seus aspectos clínicos e complicações, como também pelos problemas econômicos e sociais a elas associadas.

Por que minha ferida é tão pequena e eu sinto tanta dor?
As feridas estão diretamente relacionadas com a integridade da pele. Algumas pessoas têm problema na circulação de oferta de sangue, a chamada isquemia. As úlceras isquêmicas tanto as micro angiopáticas (comprometimento das pequenas artérias da pele), quanto as macro angiopáticas (comprometimento das grandes e medias artérias) são extremamente dolorosas.

Úlcera varicosa

O que é uma úlcera varicosa?
Úlcera varicosa é uma ferida que está relacionada com a alteração do retorno venoso, que é a dificuldade do retorno do fluxo de sangue do pé no sentido do coração, tendo como principal consequência o aumento da pressão nas veias da pele, propiciando a perda da integridade e abertura da ulcera.

Se tenho uma úlcera varicosa, quais os cuidados que devo ter?
Como vimos, as úlceras varicosas têm relação direta com o aumento da pressão nas pequenas veias da pele dos membros inferiores. Sendo assim, o principal objetivo do tratamento dessas úlceras é facilitar o retorno venoso. A base do tratamento passa por controle do peso, sendo importante a realização de atividades físicas leves, associada com repouso e elevação dos membros inferiores (principalmente após atividades físicas), evitar que suas pernas venham a ficar edemaciadas (inchadas) ao longo do dia, fazer uso de dispositivos de compressão seja compressão elástica (meias ou faixas elásticas) ou compressão inelástica (bota de Unna).

Cuidados necessários

Quais os cuidados que devo ter com a minha ferida?
O objetivo principal é a cicatrização, sendo necessários tanto cuidados locais (na ferida), como cuidados sistêmicos.
Cuidados locais: Manter o ferimento limpo, evitar acumulo de secreções, procurar mantê-lo coberto com curativo adequado, proteger o ferimento de possíveis contatos com moscas e/ou impurezas do dia a dia, evitar pisar ou pressionar sobre a ferida em qualquer localização.
Cuidados sistêmicos: avaliação e correção do estado nutricional, investigar anemia, controle do diabetes, hipertensão arterial, tratar infecção quando presente e se possível tratar todas as doenças preexistentes, que são todos fatores que interferem no processo de cicatrização.

Minha ferida deve estar coberta com curativo?
De preferência, sim! Visando principalmente evitar contaminação da lesão secundária a possível contatos com moscas e/ou impurezas do dia a dia. Evitar trauma secundário da ferida, proteção térmica (evitar calor e frio), evitar ressecamento do leito da ferida, acolhimento psicosocial.

Tenho que trocar o curativo diariamente?
Não necessariamente! Quando associado à infecção é aconselhável que a troca seja diária, principalmente nas feridas muito secretantes. Nos estágios mais avançados da cicatrização, nos curativos secos e dependendo da cobertura que se utiliza pode-se trocar o curativo em até 5/5 dias. Nesses casos, é aconselhável a orientação de um especialista para orientar o produto específico para cada ferimento.

Minha ferida tem que ser lavada obrigatoriamente com soro fisiológico?
Não necessariamente! Tem vários trabalhos mostrando que a lavagem de feridas crônicas utilizando água corrente tratada (água da torneira), ou fervida, tem efeito semelhante ao uso de solução fisiológica.

Curativos

Durante o banho posso molhar o curativo?
Não deve! Caso o curativo seja molhado durante o banho, é aconselhável você renovar pelo menos a cobertura secundaria (veja conceito a seguir). Dependendo do estágio da ferida, quando não há infecção nem muita secreção, você pode ter a opção de tomar o banho sem curativo, providenciar o asseio da ferida e, após os cuidados locais, renovar o seu curativo.

Posso deixar meu curativo molhado/ muito úmido?
Não deve! Para propiciar aceleração no processo de cicatrização deve-se criar um ambiente no leito da ferida de preferência semiúmido (nem muito seco, nem muito molhado). A umidade pode funcionar como meio de cultura para as bactérias.

O objetivo do curativo é só de cobrir o ferimento?
Não! Todo curativo é dividido em duas partes chamadas de “Cobertura”. A Cobertura Primária que é o produto que se utiliza diretamente em contato com a ferida (Pomadas ou Material Biológico), e a Cobertura Secundária constituída por gazes e ataduras.

O que é cobertura primária no curativo?
Como relatado anteriormente, a Cobertura Primária é o produto que se encontra diretamente em contato com a ferida. O tipo de cobertura primária indicado para cada tipo de ferida está diretamente relacionado com o estágio da cicatrização, a presença de Infecção e a quantidade de secreção.
A cobertura primária é extremamente importante no processo de cicatrização, objetivando criar uma ambiência no leito da ferida que permite acelerar o processo de cicatrização, propiciando maior analgesia e aumento tecido de granulação e facilitação da epitelização (cobertura da ferida por pele).

O que é cobertura secundária no curativo?
É o material que se utiliza visando a fixação e proteção do ferimento constituído, geralmente, por gazes, ataduras, espumas, etc. Existe no mercado coberturas aderente e impermeáveis de vários tamanhos que se adapta em áreas de dobras que permite maior adesão do paciente e possiblidade de tomar banho sem molhar o curativo.

Meias elásticas

O que é uma meia elástica?
É um dispositivo de compressão elástica que tem como característica principal se amoldar/acompanhar a variação de volume da perna (panturrilha), propiciando durante o andar (deambulação) o retorno mais fácil do sangue do pé sentido coração.

Todo mundo que tem ferida pode usar meia elástica?
Não! Nas úlceras isquêmicas, aquelas que tem dificuldade do sangue chegar até ao membro, o uso de compressão elásticas (meias ou faixas elásticas) podem comprimir e dificultar a circulação arterial. Nesses casos são contra indicação relativa ou absolutas.

DOENÇA VENOSA (VARIZES, HIPERTENSÃO VENOSA, ULCERA VENOSA)

Por que devo usar meia elástica?
O uso das meias elásticas nas doenças venosas (varizes, hipertensão venosa, úlcera venosa) é extremamente importante por facilitar e direcionar o retorno venoso do pé sentido do coração.

MEIAS ELÁSTICAS QUANTO A COMPRESSÃO E TAMANHO

Meias Elásticas Compressão Tamanho
Baixa compressão 15/20mmHg 3/4 abaixo do joelho,
7/8 ou meia coxa e meia calça.
Média compressão 20/30mmHg 3/4 abaixo do joelho,
7/8 ou meia coxa e meia calça.
Alta  compressão 30/40mmHg 3/4 abaixo do joelho,
7/8 ou meia coxa e meia calça.

O que caracteriza as meias elásticas é que elas oferecem uma compressão dita “Graduada” de intensidade regressiva; Onde a maior pressão se encontra no pé, a intensidade da compressão vai diminuindo gradativamente ao longo da perna/panturrilha até chegar a sua menor compressão na área mais proximal.

Quais os cuidados que devo ter quando for adquirir a meia elástica?
Deve ser realizado medidas de diâmetro e tamanho de perna e coxa, nas meias 3/4 devem acabar abaixo da dobra do joelho.
CUIDADO! Sua meia elástica não deve dobrar. Vai ocorrer pressão duplicada nesta área podendo causar garroteamento e dificuldade de retorno venoso.

Não consigo usar as meias. Posso usar as faixas elásticas?
Sim! O princípio é o mesmo, tendo como objetivo o direcionamento do retorno venoso do pé sentido coração, sempre tendo o cuidado de ao passar a faixa propiciar uma maior pressão no pé com diminuição gradativa da pressão até joelho.

E se eu não conseguir usar as meias e as faixas elásticas?
Você tem de procurar oferecer condições que o fluxo venoso do pé sentido coração seja facilitado, caso você passe uma boa parte do dia sentado a perna vai ficar bem inchada (edemaciada); uma opção é durante o dia, a cada 03 horas você passe de 15 a 20 minutos deitado com as pernas elevadas (pé mais alta que coração), isso permitirá um direcionamento do retorno venoso com diminuição importante do edema.

Pé diabético

O que é um pé diabético?
São alterações na estrutura (anatomia) e na função (deambulação) no pés dos paciente diabéticos; estas alterações se devem principalmente pela alteração na inervação(neuropatia) e na circulação (isquemia)  no pé dos pacientes diabéticos; tendo como principal complicação as infecções, com aumento da incidência de internações e maior risco de amputações.

Por que eu tenho uma ferida debaixo do meu pé e não sinto dor?
Possivelmente você tem uma úlcera neuropática (veja item anterior). A dor é uma proteção natural do indivíduo. Como não se sente dor, continua-se a andar, mantendo o trauma repetido sobre a ulcera com intensidade e pressão dependendo da distancia que deambula (caminha) e de seu peso, piorando a ferida.
São feridas decorrentes do comprometimento neurológico nos pés dos pacientes, principalmente nos diabéticos, nos portadores de hanseníase e nos alcoólatras. São ulceras indolores, geralmente com calosidade em seu entorno, localizadas em áreas de trauma (dorso do pé), geralmente profundas, complicadas frequentemente com infecção podendo comprometer os ossos do pé (osteomielite).

Por que eu tenho uma ferida em cima do meu pé e não sinto dor?
Possivelmente trata-se também de uma úlcera neuropática. A causa da sua úlcera não é o pisar, mas possivelmente a ferida seja causada pelo tipo de sapato que você está usando, levando a um maior trauma/pressão no local da úlcera.

Úlceras

O que devo fazer pra cicatrizar minha úlcera neuropática?
Você tem que se conscientizar que a causa principal da abertura e a não cicatrização da sua ulcera é o trauma repetido, (o pisar, o calçado apertado, a calosidade etc.).
Portanto, é fundamental que você procure realizar mudanças nos seus hábitos diários como controle da diabetes, perda de peso, uso de calçados adequados e repouso relativo sem pisar ou traumatizar a área da ferida.. É necessário, se possível, a avaliação e acompanhamento com especialista para lhe auxiliar em todo o processo de tratamento de sua ferida até a cicatrização.

O que é uma úlcera isquêmica?
São ulceras secundárias a diminuição da oferta de sangue a pele, que como vimos anteriormente, pode ser devido ao comprometimento das artérias tronculares (grandes e médias artérias), são as chamadas úlceras macro angiopáticas, ou secundárias ao comprometimento das pequenas artérias ao nível de pele (arteríolas), as chamadas úlceras micro angiopáticas.

Qual o aspecto das úlceras isquêmicas?
São feridas extremamente dolorosas geralmente superficiais de fundo pálido (esbranquiçado) de bordos irregulares, mais comum em regiões sujeitas a traumas (calcanhares, articulações dos dedos dos pés), podendo aparecer com áreas de necrose (preto).

O que é uma úlcera de pressão?
Também conhecida como escaras, São feridas secundarias a aumento da pressão prolongada e continua em determinadas áreas do corpo, principalmente sobre os glúteos (nádegas) e região terminal da coluna (úlcera sacral), calcanhares; comum em pacientes acamados e nos cadeirantes etc.

O que causa uma úlcera de pressão?
É uma úlcera que ocorre do contato prolongado e continuo entre duas estruturas rígidas (osso e colchão) interposta por estrutura frágil (pele, gordura músculos) mantendo um estado de pressão aumentado nestas áreas, isso leva uma diminuição da oferta de sangue a pele; além do trauma mecânico do contato do paciente com o colchão.

Como tratar uma úlcera de pressão?
Além dos cuidados locais com a ferida com os curativos adequados, o principal ponto no tratamento destas ulceras é tirar a pressão sobre a área afetada, que se consegue principalmente com a mudança frequente de decúbito do paciente.

Quais os locais mais frequentes de aparecimento das úlceras de pressão?

  • Lombar, sobre o osso sacral;
  • Trocanteres (lateral do quadril);
  • Calcanhares;
  • Maléolos (proeminência óssea localizados entre o pé e a perna);
  • Nádegas, Crânio.

Por que minha ferida tem tanto mal cheiro e sai tanta secreção?
Geralmente, os odores e a eliminação de secreção estão diretamente relacionados com o quadro de infecção das feridas e edema (inchaço) do membro. É importante o diagnóstico preciso de infecção, visando o início de antibioticoterapia, determinar o tipo de cobertura e o período de trocas dos curativos, além de avaliar a necessidade de desbridamento/limpeza cirúrgica.

O tipo de material que uso sobre a minha ferida tem importância no processo de cicatrização?
Sim! É a chamada cobertura primária, aquela que fica diretamente em contato com a ferida; dependendo da fase de cicatrização, da quantidade de secreção, da presença de infecção entre outros fatores, utiliza-se tipos diferentes de cobertura primária com trocas de curativos que podem variar desde trocas diárias, a trocas que podem chegar até 05/05 dias.    

Existem profissionais e\ou serviços especializados no tratamento das feridas?
Sim! Nas feridas crônicas (evolução maior que 03 semanas) visando definir conduta é importante se chegar ao diagnóstico preciso da causa da ferida, quais os fatores que impede a cicatrização, que podem ser tanto fatores locais (na ferida), como fatores sistêmicos (doenças como diabetes, Lúpus, neoplasias, etc.). Assim, visa-se traçar um plano de tratamento específico para cada paciente. 

Erisipela

O que é erisipela?
São infecções relativamente comuns, que comprometem a pele, mais frequente nos membros inferiores, podendo também comprometer membros superiores e face, sendo secundaria a uma porta de entrada e proliferação de bactérias que conseguiram ultrapassar a barreira de proteção da pele. Em geral, ocorre secundaria a micose entre os dedos, pequenos ferimentos ou picadas de insetos.

Como a erisipela se apresenta?
A erisipela é um quadro infeccioso, que se caracteriza pelo aparecimento de vermelhidão da pele, com aumento de temperatura, edema (inchaço) e dor local, podendo surgir febre com calafrios,  mal estar geral e confusão mental.

Como trato a erisipela?
O tratamento é feito com uso de antibioticoterapia, inicialmente oral, podendo necessitar do uso de antibiótico intra muscular e até antibiótico venoso a depender da gravidade do quadro clinico.

Como posso evitar o aparecimento da erisipela?
Sempre pesquise algum ferimento que pode funcionar como porta de entrada para as bactérias, principalmente as micoses (frieira entre os dedos),as rachadura nos calcanhares, as unhas encravadas, ferimentos secundários a retirada de cutículas etc.

Já tive erisipela várias vezes, além de tratar porta de entrada o que mais posso fazer?
Nos pacientes com história de erisipela repetidas e com complicações, principalmente erisipela bolhosa ou necrotizante, presença de linfedema (inchaço crônico), pode-se fazer uso do antibiótico profilático, sendo o mais utilizado a Benzetacil em intervalo de 21/21dias.

Linfedema

O que é linfedema?
São edemas (inchaços) secundários à doenças que comprometem o sistema linfático os quais são vasos de distribuição paralelos as veias que funcionam auxiliando na drenagem dos líquidos das extremidades inferiores e superiores (braços e pernas) no sentido coração.

Como o linfedema se apresenta?
Com aumento de volume dos membros (pernas ou braços), são edemas duros (não fazem covas após a compressão), devido ao acumulo de linfa que são líquidos ricos em proteínas (filtrado do sangue).

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