O que é um pé diabético?

São alterações na estrutura (anatomia) e na função (deambulação) no pés dos paciente diabéticos; estas alterações se devem principalmente pela alteração na inervação(neuropatia) e na circulação (isquemia)  no pé dos pacientes diabéticos; tendo como principal complicação as infecções, com aumento da incidência de internações e maior risco de amputações.

Por que eu tenho uma ferida debaixo do meu pé e não sinto dor?

Possivelmente você tem uma úlcera neuropática (veja item anterior). A dor é uma proteção natural do indivíduo. Como não se sente dor, continua-se a andar, mantendo o trauma repetido sobre a ulcera com intensidade e pressão dependendo da distancia que deambula (caminha) e de seu peso, piorando a ferida.
São feridas decorrentes do comprometimento neurológico nos pés dos pacientes, principalmente nos diabéticos, nos portadores de hanseníase e nos alcoólatras. São ulceras indolores, geralmente com calosidade em seu entorno, localizadas em áreas de trauma (dorso do pé), geralmente profundas, complicadas frequentemente com infecção podendo comprometer os ossos do pé (osteomielite).

Por que eu tenho uma ferida em cima do meu pé e não sinto dor?

Possivelmente trata-se também de uma úlcera neuropática. A causa da sua úlcera não é o pisar, mas possivelmente a ferida seja causada pelo tipo de sapato que você está usando, levando a um maior trauma/pressão no local da úlcera.

Quais são os fatores de risco para se produzir uma lesão?

São vários os fatores. Podemos dividi-los em fatores comportamentais e fatores constituintes próprios do pé. Os fatores comportamentais podem ser definidos como atitudes que quando realizadas ou negligenciadas aumentam o risco de produzir algum ferimento.

Exemplos:

1 – Andar descalço: a falta do calçado aumenta o risco de pequenos ferimento como pisar em tachinhas, caco de vidros, pedras ou qualquer objeto que poderá ferir o pé;

2 – Higiene adequada com os pés: lavar diariamente os pés, principalmente entre os dedos, enxugando também entre os dedos, para evitar que a umidade nesse local aumente o risco de micose, muito comum no diabético.

3 – Cortar adequadamente as unhas, evitando desencravar cantos de unha, pois isso predispõe a infecção por introdução de bactérias em tecido mais profundo com uso de tesoura não estéril.

4 – Evitar uso de compressas quentes ou geladas, principalmente se os pés forem dormente, pois poderá provocar queimaduras.

5 – Usar sapatos adequados: deve-se evitar sapatos de ponta fina e estreito, principalmente se houver qualquer anormalidade ortopédica, joanete por exemplo, pois o sapato poderá provocar calos ou bolhas que se constituem o início de lesões mais graves.

Fatores constituintes:

São alterações que quando presente aumento em muito a chance de desenvolver ferimentos no pé. Exemplo:

1 – Pele seca: a pele seca predispõe a rachadura na pele principalmente no calcanhar, que pode ser porta de entrada para infecção.

2 – Calo seco nos pés: as calosidades secas são áreas de atrito, normalmente decorrente de sapatos mal adaptados e modo de pisar errado por mudança no centro de gravidade nos paciente portadores de neuropatia diabética (alteração da função dos nervos periféricos decorrente da falta de controle do diabetes ao longo dos anos).

3 – Anormalidades das unhas: como unha encravada e micose. São porta de entrada para infecção. Devem ser avaliadas por dermatologistas.

4 – Anormalidades ortopédicas: joanete, tornozelo valgo ou varo (pé pouco virado para dentro ou para fora) fazendo apoiar nas laterais dos pés, pé chato, calos ou tumores ósseos, artrose, entre outros. São áreas propensas a atrito no calçado ou durante o caminhar.

5 – Diabetes de longa data e mal controlada: o mal controle do diabetes predispões frequentemente a alterações de outros órgão que, se presente, aumentam o risco de desenvolver feridas e dificultam a cicatrização.

6 – Presença de neuropatia: alteração dos nervos periférico decorrente de diabetes de longa duração, em geral mal controlada. As alterações encontradas são: perda da sensibilidade, pés dormentes (alteração dos nervos sensitivos), perda da hidratação normal por perda do controle da produção de suor (neuropatia autossômica), perda da função dos músculos levando a atrofia muscular (neuropatia motora). Essas alterações podem ocorrer juntas ou separadas ao longo do tempo. São alterações irreversíveis. O diabético portador de neuropatia são muito mais propensos a se ferirem do que os que não apresentam essa anormalidade. Em geral não percebem o ferimento até que ele já esteja em estado mais grave.

7 – Presença de arteriopatia obstrutiva periférica: oclusão das artérias dos membros, o que diminui o suprimento de sangue para o membro, aumentando o risco de lesão isquêmica (por falta de sangue) ou dificultam a cicatrização de feridas produzidas por outras causas.

8 – História de ferida ou amputações anteriores: um paciente que já apresentou um ferimento anterior e que apresenta uma cicatriz ou deformidade no pé por amputações parcial de dedos ou do pé, são pacientes muito mais propensos a desenvolver novas lesões por apresentarem anormalidade no apoio dos pés. Devem usar calçados adaptados para retirada dos pontos de hiperpressão (apoio anormal do pé no calçado ao andar).

Como evitar as lesões?

Tomando cuidados rigorosos com os pés. Usando de preferência sapatos adaptados aos pés do paciente, fazendo controle rigoroso do diabetes, hipertensão e hipercolesterolêmica (colesterol elevado), higiene rigorosa com os pés, avaliar diariamente os pés de preferência por algum familiar que visualize todo o pé em busca de pequenos ferimentos.